1816 - 1900

...Naturalmente, não preciso dizer, a qualquer um que lê a sua Bíblia com atenção, que um homem pode quebrar a lei de Deus em seu coração e em seus pensamentos, mesmo quando não há qualquer ato externo e visível de iniquidade  Nosso Senhor resolveu a questão sem deixar dúvidas, ao proferir o Sermão do Monte (Mt 5:21-28). Até mesmo um de nossos poetas disse, com toda a verdade: “Um homem pode sorrir, sorrir e ainda ser um vilão”.

Novamente, não preciso dizer a um estudante cuidadoso da Bíblia que há pecados de omissão tanto quanto de comissão, e que pecamos, tal como diz o nosso livro de oração, ao “deixarmos de fazer as coisas que deveríamos fazer” tanto quanto ao “fazermos aquilo que não deveríamos”. As solenes palavras do Mestre, no evangelho de Mateus, também deixam a questão sem sombras de dúvidas. Ali se acha escrito: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber” (Mt 25:41-42). Foi uma declaração profunda e bem pensada do santo arcebispo Usher, pouco antes de sua morte: “Senhor, perdoa-me de todos os meus pecados, sobretudo dos meus pecados de omissão”.

Porém, penso que é necessário relembrar aos leitores que um homem pode cometer um pecado e, no entanto, fazê-lo por ignorância, julgando-se inocente, quando na realidade é culpado. Não consigo perceber qualquer garantia bíblica para a moderna afirmativa de que “o pecado não é pecado, enquanto não o percebermos e tomarmos consciência dele”. Pelo contrário, nos capítulos quarto e quinto daquele livro muito negligenciado, Levítico, bem como em Números 15, vejo Israel sendo distintamente instruído de que havia pecados de ignorância que tornavam as pessoas imundas e que precisavam ser expiados (Lv 4:1-35; Lv 5:14-19; Nm 15:25-29). E também encontro o Senhor ensinando expressamente que o servo que não soube da vontade do seu senhor, e não agiu conforme essa vontade, não será desculpado pela sua ignorância, mas castigado (Lc 12:48). Faríamos bem em relembrar que, ao fazer de nosso conhecimento e de nossa consciência miseravelmente imperfeitos a medida de nossa pecaminosidade, estamos pisando em terreno perigoso. Um estudo mais profundo do livro de Levítico nos faria muito bem."...

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