1576 - 1633 |
"...1. No exercício da eficiência de Deus, o decreto de Deus vem primeiro. Esta forma de trabalhar é a mais perfeita de todas e notavelmente está de acordo com a natureza divina.
2. O decreto de Deus é sua firme decisão pela qual ele executa todas as coisas através de sua onipotência de acordo com seu conselho. Ef 1:11: “Ele faz todas as coisas conforme o conselho da sua própria vontade”.
3. A firmeza, verdade e fidelidade de Deus aparecem em seu decreto.
4. Todo decreto de Deus é eterno. 1 Co 2:7: “mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual Deus preordenou antes dos séculos para nossa glória.”
5. O conselho de Deus é, por assim dizer, sua deliberação sobre a melhor forma de realizar qualquer coisa já aprovada pelo entendimento e vontade.
6. O conselho é atribuído a Deus por causa do seu perfeito julgamento por meio do qual ele faz todas as coisas deliberadamente, isto é, voluntária e intencionalmente, não como um resultado da consulta quando os homens fazem julgamentos. Pois Deus vê e deseja todas as coisas e tudo imediatamente. Portanto, é dito que seu conselho assemelha-se a deliberação no sentido estrito.
7. Três coisas concorrem na perfeição do seu conselho: o propósito [escopo] ou o fim estabelecido; a concepção mental daquele fim; a intenção e concordância da vontade.
8. O propósito ou fim do conselho é a glória do próprio Deus, isto é, a bondade ou perfeição de Deus que é manifestada em sua eficiência e resplandece em suas obras. Ef 1:6: “Para o louvor da sua graça gloriosa.”
9. Uma ideia no homem é primeiramente gravada sobre ele e depois expressada em coisas, mas em Deus é apenas expressada, não gravada, pois ela não vem de qualquer outro lugar.
10. Deste fundamento todos os erros de mérito e fé prevista podem ser substancialmente refutados. Pois se um decreto particular de Deus dependeu de qualquer conhecimento antecipado então uma ideia de Deus teria que vir a ele de algum outro lugar, o que dificilmente concorda com sua natureza.
11. Aquele conhecimento conjetural que alguns atribuem a Deus sobre contingências futuras é claramente incompatível com a natureza e perfeição divinas.
12. O beneplácito de Deus é um ato da divina vontade determinar livre e efetivamente todas as coisas.
13. Esta vontade é eficaz, pois o que quer que ele queira ele efetua em seu próprio tempo; não há nada que não seja feito se ele quer que seja feito. Sl 115:3; 135:6: “O Senhor faz tudo que lhe apraz.”
14. Portanto, a vontade de Deus é a primeira causa das coisas. Ap 4:11: “Pela tua vontade elas são e foram criadas.” A vontade de Deus quando ele opera exteriormente não pressupõe a bondade do objeto, mas ele cria e dispõe pelo seu querer. Tg 1:8: “Segundo sua vontade ele nos gerou”; Rm 9:18: “Ele tem misericórdia de quem ele quer.”.
15. Em qualquer que seja o que Deus queira ele é universalmente eficaz; ele não é impedido ou frustrado em obter o que ele quer. Pois se ele devesse corretamente desejar algo e não atingisse isso ele não seria totalmente perfeito e bendito.
16. Nas coisas que Deus deseja há uma certa ordem para ser concebida. Ele deseja o fim antes dos meios para o fim, pois ele opera de acordo com a mais perfeita razão. Entre os meios, ele deseja primeiro aqueles que vêm mais próximos do fim; aquele que é primeiro na ordem da execução é o último na ordem da intenção e vice-versa.
17. A vontade de Deus está parcialmente escondida e parcialmente revelada, Dt 29:29: “As coisas secretas pertencem ao Senhor nosso Deus; mas as reveladas pertencem a nós e nossos filhos para sempre para que observemos todas as palavras desta lei."...
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Decretos Divinos,
Willian Ames